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REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
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artigo
A escala de preço dos imóveis irá continuar?
Por Daniele Akamine
Recentemente, muito se tem discutido se é hora de vender ou com-
prar imóveis. O momento é bom para realizar o lucro? Os preços vão
continuar subindo? Vão cair? Como o mercado imobiliário irá se com-
portar? Nos últimos quatro anos, em São Paulo e no Rio de Janeiro, os
preços dos imóveis residenciais aumentaram 140% - dados da Capital
Economics. Em 2009, a alta no valor das casas e apartamentos no País
foi de 22%, a terceira maior do mundo e, em 2010, a valorização chegou
a 25%. O Brasil ficou com o primeiro lugar no ranking das maiores al-
tas, o que tornou o mercado imobiliário brasileiro o mais caro da Amé-
rica Latina. Em 2012, encerrou o ano com a segunda maior valorização
de imóveis no mundo, um aumento real de 19,79% nos preços, e ficou
atrás apenas da Índia no ranking da variação dos preços realizado pelo
site Global Property Guide, que auxilia investidores na busca de imó-
veis ao redor do mundo.
Mas, afinal, os preços chegaram ao topo ou ainda há espaço para
valorização? Ou a tendência agora é que os preços se acomodem ou até
caiam? A combinação de fatores como anos de estabilidade econômica,
renda em ascensão, inflação sob controle, queda histórica na taxa de
desemprego média e baixa das taxas de juros que facilitam o acesso
ao crédito aumentaram a demanda por imóveis e, consequentemente,
forçaram o aumento do valor dos mesmos.
Além da lei da procura e da oferta, outro ponto que impulsionou a
alta foramos custos de construção, que sofreramenorme pressão, coma
escassez de mão de obra qualificada e perda de produtividade das cons-
trutoras, fora as próprias altas nos preços dos terrenos. Devemos lem-
brar que o mercado imobiliário é ummercado “descontrolado”: quanto
maior a oferta, quer seja por terreno, material de construção ou mão de
obra, o preço sobe. Não existem órgãos reguladores capazes de coibir
os abusos. Outro ponto interessante a se destacar é que o aumento no
preço dos imóveis no Brasil foi uma atualização dos preços em relação
ao mercado internacional. Em um estudo
recente a Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe), órgão ligado à Uni-
versidade de São Paulo, constatou-se que
o mercado imobiliário começa a perder
fôlego. A desaceleração fica evidente em
seis das principais capitais brasileiras: São
Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Hori-
zonte, Recife e Fortaleza.
Percebe-se, hoje, que o consumidor
tem analisado melhor antes de comprar.
Lançamentos que antes eram vendidos
em um final de semana, hoje levam em
média 60 dias. Outro aspecto importan-
te é que, apesar da ascensão da renda, ela
não acompanhou nemde longe o aumen-
to do preço dos imóveis. Apesar de falta-
rem dados e pesquisas nesse sentido, em
algumas regiões do País o preço de um
imóvel custa o equivalente a 10 vezes a
renda per capita da população. Mas qual
é a realidade atual do mercado imobiliá-
rio? A de um país que é o segundo mais
valorizado do mundo ou de mercado que
começa a desaquecer?
Infelizmente, não há uma resposta
simplista para essa pergunta. O que ve-
rificamos em curto prazo é um ajuste do
mercado, demanda moderada, as cons-
trutoras lançando menos e entregando
mais pontualmente e, consequentemen-
te, a estagnação e queda dos preços. Não
há de se ter uma quebra dos preços dos
imóveis, visto que não houve especula-
ção para tal. Vamos ter ummercado mais
equilibrado. Em longo prazo, com a que-
da da taxa de juros e previsão de que o
crédito imobiliário chegue a representar
14% do PIB, teremos novas altas nos pre-
ços dos imóveis.
* Daniele Akamine é bacharelada em
Direito, pós-graduada em Direito Civil,
Direito Penal e Processo Penal, MBA
em Economia da Construção e Finan-
ciamento Imobiliário, técnica em Conta-
bilidade e sócia e diretora da Akamines
Negócios Imobiliários Ltda (www.akami-
nes.com.br)
“Devemoslembrarqueo
mercadoimobiliárioéum
mercado“descontrolado”:
quantomaioraoferta,quer
sejaporterreno,material
deconstruçãooumãode
obra, o preço sobe. Não
existemórgãosreguladores
capazes de coibir os
abusos”