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REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
34
artigo
O mercado de impermeabilização
e suas “novidades”
*Por Adilson Munin
O mercado brasileiro de produtos destinados à proteção das es-
truturas contra a passagem de água e outros líquidos é provido por
empresas, emsua grandemaioria, voltadas ao desenvolvimento, ade-
quação e especificação de produtos capazes de evitar e também so-
lucionar os problemas advindos da ação indesejada provocada pelos
vazamentos e infiltrações.
De uma forma geral, as soluções apresentadas por essas diversas
empresas passampor produtos similares entre si, uma vezqueboapar-
te deve ser respaldada por alguma norma de desempenho que habilite
a aplicaçãodoprodutoparaumadeterminada solicitação, ou seja, para
cada situaçãoa ser controladahaveráumdeterminado tipodeproduto
a ser especificado.
Nesse sentido, algumas situações devem ser levadas em conta no
momento da especificação de um produto para proteção da estrutura,
isto é, a composição dessa estrutura, variações térmicas, o ponto emque
está localizado na edificação, comomuro de arrimo, subsolo, áreas frias,
paredes, lajes de cobertura, garagens, floreiras, piscinas, espelhos d’água,
telhados ou atémesmo em túneis e barragens.
Diante dessas situações apresentadas, podemos concluir que jamais
haverá um único produto que atenderá todas essas solicitações de uma
maneira eficiente, portanto, quando nos é apresentado um produto ou
sistema que atenda a todas as solicitações de uma edificação, este deve
ser olhado, no mínimo, com desconfiança. Isto porque – ainda bem –
grande parte das empresas indica seus produtos graças a um trabalho
de pesquisa e desenvolvimento e tambéma uma pesquisa domercado e
suas necessidades, submetendo as soluções a criteriosos ensaios de labo-
ratório, aplicação emcampos de prova, certificações variadas, etc.
Isso tudo ainda respaldado por comitês específicos criados pela As-
sociação Brasileira deNormas Técnicas (ABNT), para que tais produtos
sejam normalizados e homologados e atendam aos requisitos especifi-
cados por esses comitês com a finalidade de garantir o desempenho do
produto frente à condição na qual ele será utilizado.
Isso nos leva a crer que um produto destinado a uma determinada
aplicaçãonãonasce da noite para odia, ou seja, por trás de cada produto
existe todo um trabalho, um tempo de pesquisa, um empenho específi-
co que foi dedicado a sua criação, envolvendo profissionais comexperti-
se necessária a cada tipo de situação.
Infelizmente, e na contramão de tudo isso, chegamas “novidades”, os
produtos relâmpagos, que são apresentados como solução única e efi-
caz para todo tipo de situação, os quais são indicados desde a “simples
impermeabilização de uma laje”, até a aplicação como proteção de obras
mais técnicas e de grande porte.
Essas novidades, salvo algumas mínimas exceções, acabam
criando uma situação desconfortável no mercado, pois quando
surgem, geram expectativas ao cliente final, como condomínios,
construtoras a até mesmo aplicadores, que por muitas vezes apos-
tam na sua utilização de acordo com a propaganda - normalmente
atrelada a preços atrativos. Entretanto, quando aparecemos proble-
mas, essas empresas muitas vezes já nem existem mais, deixando
um rastro de problemas sem solução.
Tais produtos acabamcriando, principalmente junto ao consumidor
final, a ideia de que a impermeabilizaçãonão funciona. Umexemplo é a
opção por coberturas comtelhas ainda ser preferida noBrasil, apesar de
todas as limitações que estas apresentam.
Outra dificuldade que encontramos ainda hoje são pequenos cons-
trutores que insistem em convencer seus clientes que uma simples adi-
tivação na argamassa, uma pintura asfáltica na laje ou ainda a colocação
deumrevestimento cerâmico já garantema estanqueidadeda estrutura.
Essa cultura, aliada aos insucessos provocados por alguns produ-
tos, faz comquehajauma resistência àutilizaçãodeprodutos adequa-
dos. E essa soma de fatores desfavoráveis leva o Brasil a uma situação
preocupante quanto à longevidade das estruturas em função da pre-
servação contra as infiltrações, colocando-o numa posição indese-
jável no ranking dos países preocupados com a preservação de suas
estruturas e sustentabilidade.
Portanto, quando nos deparamos com a necessidade de proteção
de uma estrutura, devemos analisar e lembrar que a integridade dessa
estrutura estará diretamente ligada à decisão que foi tomada anterior-
mente, seja pela opção ao não tratamento ou mesmo pela definição de
qual sistema a ser utilizado. É sempre importante ter emmente que na
impermeabilização são gastos em média de 2% a 3% do valor total da
obra, mas o insucesso pela não utilização ou aplicação de um sistema
inadequado terá um peso substancial em valores, podendo acarretar
prejuízos irreparáveis devidos aos efeitos secundários.
Concluindo, vale ressaltar que ao se optar por umtipode produto
ou sistema devemos sempre nos atentar à idoneidade do fabricante
e também à qualidade do produto, que deve estar respaldada pelo
histórico de desempenho em relação aos produtos colocados no
mercado ao longo dos anos.
*
Adilson Munin é gerente comercial para o mercado industrial da
Viapol, especializada em soluções para a impermeabilização e proteção
das obras da construção