quantiQ

Produção, vendas internas e demanda de produtos químicos registram queda no 1º bimestre

15/04/2016 - 11:04

Recuo está associado à crise do País

De acordo com levantamento preliminar da Associação Brasileira da Indústria Química - Abiquim, os principais índices do segmento de produtos químicos de uso industrial mostram que, em termos de volume, o ano iniciou com resultados desfavoráveis. Na série histórica, o patamar médio do primeiro bimestre de 2016 é o segundo pior dos últimos dez anos, só ficando abaixo do resultado verificado em igual período de 2009. No acumulado do primeiro bimestre deste ano, o índice de produção recuou 1,69% sobre igual período do ano passado, enquanto o de vendas internas teve declínio expressivo, de 6,03%, em igual comparação. O consumo aparente nacional, que mede a demanda interna, apresentou retração de 5,9% nos dois primeiros meses do ano, em linha com os resultados dos principais indicadores de atividade industrial nacional.

Os níveis de produção de químicos só foram mantidos em patamares seguros de operação graças ao volume exportado, que teve alta de 47,3% nos dois primeiros meses do ano, em função da taxa de câmbio. “A desvalorização do real no ano passado trouxe impactos positivos para a balança comercial do setor, mas parte desse ganho pode se perder com as flutuações que estão ocorrendo no período recente. Deve-se registrar ainda que o câmbio, apenas, não é suficiente para estimular uma competição mais efetiva no mercado internacional e alavancar a produção”, declara a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.

Com relação aos últimos 12 meses, de março de 2015 a fevereiro de 2016, o índice de produção teve variação positiva de 0,15%, enquanto o de vendas internas exibiu desaceleração de 5,52%. Quanto à demanda nacional, houve queda de 7,9%. De acordo com a diretora Fátima Giovanna, “esse desempenho está associado ao forte declínio da atividade econômica no mercado interno, além dos números negativos do PIB industrial brasileiro dos últimos dois anos, puxados, especialmente, pela indústria de transformação e construção civil”. A utilização da capacidade instalada ficou em 78% na média dos 12 meses encerrados em fevereiro, um ponto inferior à que havia sido verificada nos 12 meses anteriores. Essa taxa de ociosidade é considerada alta para os padrões da indústria química.

Para Fátima Giovanna, as perspectivas não são animadoras para os próximos meses. “A economia em recessão puxa mais intensamente a atividade do setor para baixo do que para cima nos momentos de crescimento”, ressalta. A diretora lembra ainda que nos primeiros meses do ano, as empresas do setor e das diversas cadeias consumidoras de produtos químicos deveriam estar recompondo estoques, no entanto, pelos dados analisados, não há indicação de inversão da trajetória de declínio. Fátima Giovanna destaca que a isso acrescenta-se o cenário internacional conturbado por questões relacionadas aos ataques terroristas, além da redução da atividade em países como a China, com impactos sobre a oferta e procura de algumas commodities e, consequentemente, dos preços. “Apesar de ainda sermos um dos países mais atrativos para investimentos estrangeiros, especialmente pelo tamanho do mercado, uma vez perdida a chance, será preciso aguardar um novo ciclo de expansão da demanda. E não se pode prever quando este novo ciclo ocorrerá e se ocorrerá”, alerta.

Nesse contexto, observando a importância de uma análise mais efetiva sobre a questão da produtividade e como ela impacta nos diferentes negócios, a Abiquim levantou esse dado referente ao setor a partir deste mês, concluindo que o índice de produtividade caiu, em média, 0,3% ao ano entre 2007 e 2015. Tal fato decorre do efeito combinado do aumento do pessoal alocado na atividade produtiva sem a contrapartida do aumento físico da produção. Enquanto o pessoal ocupado aumentou 0,5% ao ano nesse período, a produção cresceu 0,2% ao ano. Segundo Fátima Giovanna, a elevação do pessoal na área é fruto, especialmente, de exigências trabalhistas, como redução do número de horas nos turnos e necessidade de contratação de posições relativas à segurança.

De acordo com análise da diretora, quanto maior o nível de utilização da capacidade instalada, melhor e maior será o nível de produtividade, especialmente em razão de a indústria química trabalhar em processo contínuo e não ser mão de obra intensiva. “Em tempos de crise, o recuo na variável pessoal ocupado não ocorre na mesma proporção da desaceleração da produção, enquanto o contrário também é válido. Neste caso, houve um aumento relativo do custo da força de trabalho em relação aos custos totais das empresas com a produção”, conclui Fátima Giovanna.

  Mais notícias