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Consumo aparente nacional de produtos químicos industriais cresce 7,2% nos últimos 12 meses

13/03/2017 - 15:03

Conforme dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), os principais indicadores de demanda interna por produtos químicos de uso industrial fecharam os últimos 12 meses, fevereiro de 2016 a janeiro de 2017, com resultados positivos e em ritmo crescente em relação ao mesmo período imediatamente anterior. As vendas internas subiram 4,53% e o consumo aparente nacional (CAN) subiu 7,2% em relação ao período que compreende janeiro a dezembro de 2016.

Parte expressiva dessa performance está associada à base negativa de comparação, uma vez que houve forte declínio da atividade econômica no mercado interno e, por consequência, da química, entre 2014 e 2015. Importantes segmentos clientes reduziram a atividade nesse período, com impacto na cadeia química, que fornece produtos principalmente para indústria automobilística, construção civil, linha branca, alimentos, embalagens, entre tantos outros, que foram profundamente afetados pela crise econômica. Com a melhora recente do ambiente geral de negócios e da economia, o CAN volta a exibir resultados consideráveis.

A abertura das parcelas que compõem o CAN também revela como anda a capacidade de competição das empresas instaladas no País em relação às suas congêneres em outras localidades. Nos últimos 12 meses, para os produtos acompanhados na análise do RAC, as variáveis inseridas nesse cálculo tiveram o seguinte desempenho: produção subiu 4,0%, exportações cresceram 12,1%, volume importado, dos mesmos produtos, teve crescimento de 20,0% (cinco vezes mais do que a produção). É de se destacar o esforço das companhias, ainda que com margens reduzidas, na busca pelo mercado externo.

Vale lembrar que o ano de 2016 foi marcado por dois semestres distintos. Os primeiros seis meses foram de intensificação do recuo da atividade econômica e também da química, enquanto o segundo semestre foi de melhora gradativa, que se acentuou nos últimos três meses do ano. Apesar desse crescimento, se comparado aos resultados de 2007, para uma avalição decenal, o nível atual de produção é praticamente o mesmo do registrado dez anos atrás e, no que se refere às vendas internas, o setor ainda está quase cinco pontos abaixo da referência. Ou seja, não houve crescimento nos últimos 10 anos, o que comprova um período de dificuldade e falta de competitividade, que culmina no elevado índice de ociosidade atual, o nível de utilização da capacidade instalada em janeiro de 2017 foi de 81%, sendo que em um segmento de processo contínuo, como o químico o ideal é que a ocupação das instalações fique acima de 85%, e na falta de atratividade para novos investimentos para o setor.

Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a indústria química carece de ações urgentes que possam estimular as atuais plantas ao retorno da operação em um nível maior de utilização da capacidade, bem como medidas mais estruturantes, que possam atrair novos investimentos e fazer com que as oportunidades de investimentos existentes possam transformar-se em realidade. “Os pontos de maior relevância a serem equacionados no curto e no médio prazos são a adoção de uma política para o uso do gás natural como matéria-prima, que não tem substituto viável, gás para fins energéticos mais competitivo, além da segurança no fornecimento da energia elétrica e tarifa mais atrativa para a produção industrial. A solução dessas questões é fundamental para que o País aproveite as oportunidades de que dispõe para agregar valor à riqueza de recursos naturais, melhorando a pauta brasileira de exportações”, explica.

Além dessas questões, a diretora da Abiquim conta que há necessidade de se buscar solução para remoção dos entraves logísticos, que encarecem o produto nacional, anulando, muitas vezes, o esforço das empresas na busca de ganhos de eficiência. “Por fim, mas não menos importante, para aproveitamento das oportunidades que o mercado externo tem oferecido é fundamental a elevação da alíquota do Reintegra para patamares mais adequados, atrativos e condizentes com a realidade brasileira, que garantam a devolução dos impostos escondidos ao longo do processo de produção. O setor trabalha no longo prazo, inclusive em pautas de exportação, e precisa de previsibilidade e transparência para manter suas operações”, finaliza.

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