Page 13 - 06

Basic HTML Version

REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
13
ENTREVISTA
Revista ConstruChemical - Qual o
balanço que o senhor faz do ano de
2012 para o setor?
Walter Cover -
A indústria de
materiais cresceu 1,4% em 2012,
bem abaixo das expectativas, que
eram de 4,5%. As vendas para o
varejo, que estão relacionadas com
as reformas das moradias pelas
famílias, andaram bem, com um
crescimento em torno de 7%. Esse
mercado é fortemente influenciado
pela renda, emprego e crédito, que
tiveram um cenário bastante posi-
tivo em 2012. Já as vendas para as
construtoras que estão relacionadas
com as obras imobiliárias e de infra-
estrutura ficaram muito abaixo do
esperado. Na infraestrutura tivemos
o impacto da paralisação temporá-
ria no DNIT e o desempenho abai-
xo do esperado do PAC - Programa
de Aceleração do Crescimento. No
segmento imobiliário tivemos uma
retração dos investimentos e os efei-
tos da redução dos lançamentos em
passado recente.
Revista ConstruChemical - Na
sua opinião, quais os fatores que
podem impulsionar o setor neste
ano?
Walter Cover -
Vários fatores
devem ocasionar um cenário mais
positivo neste ano. O primeiro deles
é um crescimento forte do segmen-
to do varejo, pela manutenção do
consumo pelas famílias em refor-
mas e ampliações de moradias. Esse
segmento tem como base a renda
das famílias, a taxa de emprego e o
crédito, que deverão continuar em
alta em 2013. Espera-se também um
crescimento mais forte nas obras
de infraestrutura, com os recentes
programas do Governo Federal de
concessões de rodovias, ferrovias,
portos e aeroportos. A proximidade
da Copa do Mundo deve acelerar as
obras dos estádios e da estrutura vi-
ária e de hoteleira relacionadas a ela.
Revista ConstruChemical - O go-
verno tem se esforçado para conter
a inflação, mas podemos ter um
cenário desfavorável em função
disso. Como o setor será afetado se
isso acontecer?
Walter Cover -
A evolução dos
preços de materiais de construção
tem sido inferior à inflação da eco-
nomia como um todo. Nossa ex-
pectativa é que o governo será bem
sucedido em controlar a inflação
dentro da meta, e dispõe de instru-
mentos para isso acontecer. Um de-
“Aindústriadaconstruçãoe,deformamaisampla,acadeia
daconstrução,temrespondidodeformamuitopositiva
às medidas de incentivo de política pública. A cadeia
todaemprega11milhõesdetrabalhadoresemcontínua
qualificação, formalização e aumento de renda”
A proximidade das conclusões de obras da Copa do Mundo 2014 é um fator
importante a ser observado, além de outros fatores. “O setor imobiliário deve
crescer, embora a taxas mais moderadas, e devemos ver o segmento da infraestru-
tura deslanchando, principalmente no segundo semestre, com os programas de
novas concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos”, salienta Cover. “A
política de desoneração do setor tem sido um importante vetor de melhoria nas
vendas, na maior formalização das empresas e consequente maior arrecadação
de tributos, criando um ciclo virtuoso. Com isso acreditamos que a política de
desoneração deve se intensificar em 2013”, completa.
Outra aposta da Abramat é um aumento no ritmo das obras do programa
“Minha Casa Minha Vida”, em particular na faixa 1, de menor renda familiar.
“Contamos com a manutenção da política habitacional, principalmente aquela
para moradias de baixa renda, bem como das políticas públicas de queda dos
juros, melhoria da logística e câmbio realista”, comenta Cover.
Entre os desafios, continua, especificamente, a qualificação da mão de obra
e, com isso, o necessário aumento da produtividade da construção civil, além
do desenvolvimento de sistemas construtivos que permitam maior eficiência
econômica e maior velocidade nas obras. Por fim, mas não menos importante,
a sustentabilidade deve cada dia mais se impor como um tema estratégico das
empresas, governo, organizações e consumidores.