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REVISTA
CONSTRU
CHEMICAL
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ENTREVISTA
les é a anunciada redução no custo
da energia, que deveria estender-se
também ao gás. As desonerações
que favoreceram diversos setores
em anos recentes também ajudam
a manter preços competitivos no
mercado. Alguns segmentos da in-
dústria de materiais sofrem muito
com os importados, que se valem de
uma situação de câmbio favorável.
Esses setores, apesar de serem mui-
to competitivos no “chão de fábrica”
perdem muito dessa competitivida-
de quando enfrentam os custos fi-
nanceiros, da tributação, da infraes-
trutura e da burocracia, sacrificando
margem.
Revista ConstruChemical - As me-
didas já tomadas pelo governo no
sentido de incentivar o consumo
surtiram um bom efeito no setor?
Qual a sua avaliação?
Walter Cover -
Sim, surtiram um
efeito importante na compra de ma-
teriais pelas famílias. Há uma crítica
incorreta que o governo incentivou
demasiadamente o consumo. Ne-
nhuma empresa sobrevive sem de-
manda, sem vendas. É em boa hora,
entretanto, que o governo crie nesse
momento vários incentivos impor-
tantes para incrementar os inves-
timentos públicos e privados, sem
descuidar do consumo. Milhões de
brasileiros que tiveram ascensão
social nesses últimos anos têm o di-
reito de usufruir dos benefícios de
bens que antes não tinham acesso.
É natural que essas famílias quei-
ram modernizar, ampliar, reformar
e embelezar suas moradias.
Revista ConstruChemical - Já que
a reforma tributária está na “gave-
ta” há quase duas décadas, quais
soluções o senhor vê para a deso-
neração do setor, além das medi-
das já tomadas pelo governo?
Walter Cover -
Uma reforma tri-
butária ampla é complexa e encontra
resistências em setores do cenário
político nacional. Até que a refor-
ma mais ampla seja possível, são da
maior importância as desonerações
que o governo federal vem promo-
vendo. Em nosso setor, já há algum
tempo, temos a desoneração do IPI
para um grande número de mate-
riais de construção, desoneração
da folha de pagamento para vários
materiais e a intenção de desonerar
o ICMS interestadual. Acreditamos
que se caminha para uma desone-
ração mais ampla e permanente.
Seria muito importante os governos
estaduais reduzirem seus impostos
também ao mesmo tempo em que
possam simplificar os mecanismos
de recolhimento dos impostos, ex-
tremamente complexo e oneroso,
como, por exemplo, na substituição
tributária.
Revista ConstruChemical - Quais
os principais projetos da Abramat
para este ano?
Walter Cover -
Convencer e
apoiar o governo sobre a impor-
tância da necessidade de manter
sua política anticíclica para reduzir
o chamado custo Brasil, com juros
baixos, crédito facilitado, câmbio
realista, desonerações de tributos e
encargos, melhoria da infraestrutu-
ra e prioridade para compra de em-
presas brasileiras nas obras públicas.
O governo federal tem direcionado
sua política para quase todos esses
vetores do progresso e bem-estar
social; esperamos um incremento
maior a eles, que permita fortalecer
a competitividade das empresas.
A indústria da construção e,
de forma mais ampla, a cadeia da
construção, tem respondido de
forma muito positiva às medidas
de incentivo de política pública.
A cadeia toda emprega 11 milhões
de trabalhadores em contínua qua-
lificação, formalização e aumento
de renda. Desonerações são segui-
das de aumento da arrecadação de
impostos e crescente formalidade
das empresas. A indústria oferece
produtos da mais alta qualidade
e está preparada para aumentos
mais expressivo na demanda. Que-
remos continuar sendo parceiros
do governo em seus programas de
investimento em infraestrutura e
de moradia popular de qualidade.
Revista ConstruChemical - Em
termos de investimentos para o
setor de construção civil o senhor
tem uma estimativa?
Walter Cover -
Em nossa últi-
ma leitura com os empresários do
setor detectamos que 75% deles
têm planos de investimento para
os próximos 12 meses. É um bom
sinal.
Revista ConstruChemical - Em
quanto o senhor projeta o cresci-
mento para o setor neste ano?
Walter Cover -
Projetamos um
crescimento de 4,5% em 2013. É
claro que isso só será possível com
o aprofundamento das medidas já
mencionadas.
“Nenhumaempresasobrevivesemdemanda,semvendas.É
em boa hora, entretanto, que o governo crie nesse
momentováriosincentivosimportantesparaincrementar
osinvestimentospúblicoseprivados,semdescuidardo
consumo.Milhõesdebrasileirosquetiveramascensãosocial
nessesúltimosanostêmodireitodeusufruirdosbenefíciosde
bens que antes não tinham acesso”